sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A Pele que Habito

Antes de ser lançado, já se criou uma grande expectativa para este longa, anunciado como um filme de horror, A Pele que Habito seria a primeira investida do diretor no gênero. Todos já conhecemos Almodóvar, acostumado a dirigir dramas, sempre com temas polêmicos, o diretor é conhecido por explorar o universo feminino, sempre focando na sensualidade de suas atrizes, e com uma estética invejável em sua direção. Após o filme ser lançado, sempre escutamos alguns discursos "Não é um filme de horror, é mais um filme do Almodóvar" - Claro que é um filme do Almodóvar, sua identidade está ali, seu estilo está ali - mas tudo gira em torno de uma história doentia e pertubadora. O filme é inspirado em um livro, Tarântula, do escritor francês Thierry Jonquet, mas podemos citar várias outras referências, entre elas; Les Yeux sans visage (1959) do diretor francês Georges Franju , e até mesmo Frankenstein. 

Robert Ledgard (Banderas) é um famoso cirurgião plástico, que mantém a paciente Vera trancada em um quarto - já percebemos que não é uma relação médico-paciente comum, já que Vera está ali contra sua vontade. O cirurgião, usa a paciente como uma cobaia para uma experiência, criar uma pele artificial perfeita, que pode livrar o ser humano de várias doenças. Isso é o que o diretor nos leva a acreditar no primeiro ato, mas quando mostra o passado de Ledgard, começamos a entender os reais motivos por sua obsessão pela desconhecida paciente.

Situações trágicas e angustiantes, são reveladas aos poucos, de maneira que compreendemos melhor a primeira parte, mesmo assim, ainda não entendemos certas atitudes de alguns personagens. A vingança de Ledgard contra um dos supostos responsáveis pela tragédia de sua família, vira obsessão. Quando chega a revelação clímax do filme, aí meu camarada, boquiaberto, só consegui dizer no momento: "PQP, não acredito no que estou vendo". E sim, Almodóvar nos dá um soco no estômago; com uma história perturbadora, que vai da vingança a obsessão, do ódio a loucura - O diretor nos deixa imaginando várias versões para a conclusão da trama, e traz um reviravolta surpreendente. Mas não fica nisso, o final ainda se estende para situações realmente incômodas.

A estética usada pelo diretor é impressionante, desde a fotografia (sempre com tons vermelhos), até a excelente trilha sonora - contando com a ajuda das grandes atuações. Na minha humilde opinião, é o melhor filme do Almodóvar, com a trama mais surpreendente e chocante entre suas obras. Como disse antes, continua sendo um filme do Almodóvar, Cult, Arte - Mas insisto, é uma história de horror, nada de filme sangrento ou visceral - mas um horror psicológico, onde o diretor não tortura somente os personagens, mas também o expectador, que fica com uma sensação incômoda ao final da obra, que sinceramente, nem consigo descrevê-la aqui.



Dirigido por Pedro Almodóvar.
Elenco: Antonio Banderas, Elena Anaya, Marisa Paredes, Jan Cornet, Roberto Álamo, Eduard Fernández, José Luis Gómez, Blanca Suárez, Susi Sánchez, Bárbara Lennie.


Um comentário:

  1. Sinopse massa essa cara, sem obveidades. Com boas informações do entorno da obra. VALEU!

    "Terror psicológico". CONCORDO! É isso! Fino, cirúrgico, de primeira. Ângustia humana dos pés à cabeça, do início ao fim. Vale a pena conferir e, haja estômago!

    Abração,
    Lu Costa

    ResponderExcluir