sábado, 25 de fevereiro de 2012

A Mulher de Preto (Woman In Black - 2012)


A Hammer foi talvez a produtora de filmes de terror mais importante dos anos 50/60; tornou-se famosa ao trazer novas versões de Drácula e Frankenstein, responsável também por colocar Peter Cushing e Christopher Lee como ícones do gênero na época. Foram várias produções, envolvendo monstros clássicos, como vampiros, múmias, lobisomens, etc... .Influenciou vários diretores, entre eles Tim Burton, que lançou A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, filme inspirado nas antigas obras da produtora. 

A Mulher de Preto é a aposta da nova Hammer, e pode ser considerado uma homenagem a própria produtora - o filme é ambientado na Inglaterra, não sei a época ao exato. Arthur (Daniel Radcliffe) é um advogado que, guarda uma profunda tristeza devido a morte de sua esposa, e cria sozinho seu filho. A firma onde ele trabalha, mesmo sabendo de sua condição, o pressiona a produzir mais, e dá a ele uma última chance - organizar a papelada para a venda de uma mansão em um pequeno vilarejo. Ao chegar, os nativos locais, não o recebem bem, entre eles o advogado local, que lhe entrega alguns papéis, e quer logo despachá-lo de volta a Londres, sem entender, Arthur vai a mansão, que fica isolada do vilarejo em busca de respostas, e lá vê pela primeira vez, A Mulher de Preto.

Podemos dividir o filme em duas partes, a primeira é sensacional, clima de tensão sufocante durante a primeira hora de projeção. A segunda visita de Arthur a mansão, deixa o espectador sem fôlego, quando o mesmo decide passar a noite e resolver todas as pendências burocráticas da casa - enquanto pesquisa, descobre o que aconteceu, é assombrado pelo fantasma da Mulher de Preto, além de crianças mortas no vilarejo, até aquele momento, sem explicação. Na segunda parte, a sequência final tenta ser mais dramática, porém cai em alguns clichês do gênero e deixa a desejar.

O filme é esteticamente impecável, na parte técnica tudo está perfeito, o figurino, o cenário que cria um ambiente aterrador tanto no vilarejo, quando na mansão. A fotografia meio acinzentada sempre envolta a neblinas só contribui para clima de tensão que o filme proporciona. Há o exagero que os efeitos sonoros proporcionam, não há uma cena que escape do "Pam" nos momentos mais tensos, tudo isso para assustar o espectador - funciona, mas não é o tipo de técnica que aprecio, prefiro quando o diretor explora mais o roteiro e tente criar medo e tensão sem apelar para essa técnica.

O diretor James Watkins, tem um currículo bacana, dirigiu  o sensacional Eden Lake, além de assinar o roteiro de O Olho Que Tudo Vê e Abismo do Medo 2 - é um cara que merece atenção, infelizmente aqui nesta produção, ele tem seus escorregões - peca por exemplo, por mostrar em exagero os bonecos da casa, mesmo sendo aterrorizantes, essas cenas acabam por serem repetitivas - Deixa a desejar também no final, faltou um pouco de inspiração e criatividade; o fantasma da mulher de preto quando revelado, é decepcionante, era mais interessante quando víamos apenas seu vulto e suas sombras na casa.

Todas as atenções da mídia estavam voltadas para Daniel Radcliffe, que faz uma aposta certa ao escolher o papel de uma produção de terror, do que protagonizar um blockbuster em Hollywood - ele deixa pra traz os trejeitos adolescentes da saga Harry Potter e encara um papel adulto, atua bem, dentro do que o roteiro proporciona, só deixa a desejar na sequência final, que exigia um pouco mais de empenho e emoção do jovem ator, mas é outro cara que tem um futuro promissor pela frente. O resto do elenco é competente em suas atuações.

A Mulher de Preto não será um novo clássico da Hammer, mas o resultado final, apesar dos tropeços é satisfatório, é terror bem produzido e respeita o gênero. A Hammer pode e ainda vai fazer muito pelo cinema de horror. Que este filme fique de exemplo para a produtora, que ela saiba aproveitar os acertos e reconhecer os erros para os trabalhos futuros.



Dirigido por James Watkins
Escrito por Susan Hill (novela) e Jane Goldman (roteiro)
Estrelado por Daniel Radcliffe, Janet McTeer e Ciarán Hinds



Nenhum comentário:

Postar um comentário